sábado, 7 de maio de 2022

 

EFRAM: texto formativo

 

Atenção e Intenção

 


 

Quem não gostaria de alcançar uma perfeita concentração na hora de meditar? Este é o sonho de qualquer meditante. Porém, nossa mente, sempre muito escorregadia, costuma vaguear o tempo todo. Durante a meditação, inúmeros pensamentos, imaginações, memórias e sensações costumam desviar a nossa atenção. Muitos iniciantes querem logo desistir, pensando que a meditação é algo reservado somente a quem possui dons ou qualidades fora do comum.

A Meditação Cristã, no entanto, não é apenas um exercício de concentração. Não basta prestar atenção. É preciso que haja uma vontade, um desejo, uma decisão de ficar na presença de Deus e de se abandonar em seus braços. Portanto, além da “atenção”, o meditante precisa ter a “intenção” de estar com Deus.

 

 

1- ATENÇÃO: Em qualquer método de meditação, o praticante procura manter sua atenção focada em algo determinado. Esta é a técnica comum a todos os métodos. De fato, ninguém medita a não ser prestando atenção. No caso da EFRAM, nossa atenção se volta ao Nome de Jesus durante todo o tempo da meditação.

Durante as atividades cotidianas, você nem percebe como a mente é barulhenta, inquieta e dispersiva. Esta realidade só é percebida quando paramos para meditar. Como proceder diante de tantas distrações? Não há uma solução fácil e definitiva. O segredo é não se deixar prender por elas. Com paciência e simplicidade, volte sua atenção para o Santo Nome, e as distrações passarão.

 

 

2 - INTENÇÃO – A meditação cristã não é apenas uma prática psicológica ou um exercício mental. Ela é sobretudo uma oração. Por este motivo, não basta uma perfeita concentração. Alguém sem nenhuma fé, por exemplo, também pode repetir o Santo Nome atentamente e, mesmo assim, tal exercício não se tornará uma oração. Para que seja uma verdadeira oração é necessário a “intenção” de se relacionar com Deus, de ficar em silêncio na sua presença e de se deixar conduzir por Ele. A “intenção” é um ato da vontade, um ato de fé, um desejo de estar com Deus. Sem ela a meditação se torna um exercício cujo objetivo é apenas o bem-estar físico, mental e emocional do praticante.

Mesmo que nos venha a faltar a devida concentração, nossa vontade pode manter a “intenção” de permanecer em silêncio na presença de Deus. Se nossa imaginação se comporta como uma louca e não consegue sossegar, mesmo assim poderemos permanecer com o firme desejo de estar com Deus. De que adiantaria invocar o Nome de Jesus com perfeita concentração, se viesse a faltar o desejo de estar com Deus?

 

É claro que meditar sem a desejada concentração não é uma coisa agradável. É, de fato, uma tarefa árdua e árida. Parece que estamos perdendo tempo e que não estamos na presença do Senhor. No entanto, o melhor remédio é não desistir e continuar apesar de tudo, confiando sempre no Senhor.

Ao invocar o Santo Nome, o meditante se une a Cristo e, com Ele, ao Pai no Espírito Santo. Este é o maior e melhor fruto da Meditação Cristã. Mesmo que haja muitas distrações, ela nos conduz a uma relação amorosa e filial para com Deus. Passamos a enxergar melhor a presença de Deus e o seu agir em nós e ao nosso redor.

 

A fidelidade aos momentos diários de meditação é sinal de que Deus é prioridade em nossa vida. Mesmo tendo tantas outras coisas a fazer, paramos e consagramos a Deus nosso tempo, nosso amor e nossa atenção.

Nossa comunhão com Deus é sempre um dom gratuito. Ela não é “resultado” de nossas orações ou da nossa própria vontade. Não é algo que conquistamos com nosso próprio esforço. O que está ao nosso alcance é apenas preparar o coração como se prepara um terreno para semear. Desta forma, estaremos mais receptivos para receber a Graça (de graça!) que é o próprio Deus.

 

A meditação deve ser praticada com simplicidade e humildade. Não exija de si mesmo uma perfeição técnica. Queira antes de tudo agradar a Deus e não a si mesmo. Somente a prática regular e contínua vai ajudar você a invocar o Nome de Jesus com amor e atenção.




 

Paz e bem!

Frei Salvio Romero, OFMCap.

Diretor da EFRAM.

sexta-feira, 26 de março de 2021

 O Mosteiro de São Miguel

(Sede oficial da EFRAM)


O Mosteiro de São Miguel se localiza no município de Sairé, estado de Pernambuco. Trata-se de um lugar orante e contemplativo, preparado para a formação espiritual de todos os membros da nossa Escola de Meditação.

Neste santo lugar teremos a presença de uma comunidade contemplativa da própria EFRAM. A missão desta comunidade será a de acolher, formar e acompanhar os nossos meditantes com seus diretores.





























quarta-feira, 23 de outubro de 2019


Conversão de São Francisco

(Frei Tomás de Celano: VIDA I)







1- A longa enfermidade provoca algumas mudanças na alma do jovem Francisco (1Cel 3): “Esmagado longamente pela enfermidade... começou a pensar consigo mesmo outras coisas que não as de costume”;


2- Guerra na Apúlia - planejamento, resistência e desistência (1Cel 4-7): Ainda preocupando-se “com as coisas que são do mundo”, Francisco deseja ir para a guerra na Apúlia com um nobre de Assis; sonhou com sua casa cheia de armas militares; Porém, “mudado de espírito, não de corpo, desde então se recusa a ir a Apúlia e se esforça por orientar sua vontade para a vontade divina; auxiliado por um amigo, passou a rezar numa gruta perto de Assis; “Num certo dia, como tivesse invocado mais plenamente a misericórdia do Senhor, foi-lhe mostrado o que ele precisava fazer”; “Dizia que não queria ir à Apúlia, mas prometia fazer na própria terra coisas mais nobres e maiores”; Até pensavam que Francisco estava pensando em casar-se;


3- Vende tecidos em Foligno e quer empregar o dinheiro na restauração de São Damião (1Cel 8-9): “Tendo vendido, como de costume, todas as coisas que levara, o feliz comerciante, depois de ter recebido o preço, deixou também o cavalo em que então montava e, voltando de lá, tendo deposto o fardo, pensava com religioso intuito o que faria do dinheiro”;  “Ao voltar para a cidade de Assis, descobre perto da estrada uma igreja que outrora havia sido construída em honra de São Damião, mas que ameaçava ruína próxima, devido à demasiada antiguidade”; Encontrou na referida igreja “um sacerdote pobre” ao qual ofereceu o dinheiro para a devida restauração; O sacerdote não aceita o dinheiro, permitindo apenas que Francisco morasse com ele por algum tempo; Francisco “atira em uma janela” o dinheiro que trazia consigo;


4- Reação do pai (1Cel 10-11): “Morando o servo do Deus Altíssimo no predito lugar [São Damião], o pai dele rodou por toda parte como zeloso investigador, desejando saber o que tinha sido feito de seu filho”; Depois que ficou sabendo, foi buscar Francisco, mas este conseguiu se esconder numa gruta por um mês; A seguir, o jovem entra em Assis onde é considerado um louco;


5- Rompimento com o pai (1Cel 12-15): Quando o pai tem notícia da situação do filho, “arrastou-o para casa de maneira bastante irreverente e indecorosa... encerrou-o por oito dias num lugar escuro”; tendo o pai se ausentado de casa, sua mãe o livrou da prisão e ele “voltou depressa ao lugar em que estivera antes” [São Damião]; Depois de retornar da viagem, o pai vai em busca do filho em São Damião “para pelo menos expulsá-lo da região, se não pudesse trazê-lo de volta”; “O pai “vendo que não podia trazê-lo de volta do caminho iniciado, empenha-se totalmente em arrancar-lhe o dinheiro”; Tendo encontrado o dinheiro atirado à janela “extingue-se o furor do exasperado pai... Em seguida leva-o à presença do bispo da cidade para que, renunciando nas mãos dele a todos os bens, restituísse tudo o que tinha”; Francisco renunciando a tudo, “desnuda-se totalmente diante de todos”; o bispo “acolhendo-o entre seus braços, cobriu-o com o manto com que estava vestido”;


6- Convivência com leprosos (1Cel 16-17): “Vestido agora com andrajos aquele que outrora usava escarlate, ao caminhar por um bosque e cantar louvores ao Senhor em língua francesa” foi vítima de ladrões que o atiraram na neve; Chegando a um mosteiro, “estando durante muitos dias vestido somente com uma camisa barata como servente na cozinha, ele desejou saciar-se ao menos com o caldo... Saindo dali, não movido pela ira, mas pela necessidade, chegou à cidade de Gubbio onde um antigo amigo adquiriu para ele uma túnica”; “Em seguida, o santo amante de toda humildade transferiu-se para junto dos leprosos e permanecia com eles, servindo como o maior cuidado a todos por amor de Deus”; “Vivendo ainda no hábito secular, num certo dia encontrou um leproso e, superando-se a si mesmo, aproximou-se e beijou-o... Ajudava também aos outros pobres, enquanto permanecia no mundo e seguia o mundo... Num certo dia, contra seu costume, porque era muito cortês, ao censurar a um pobre que lhe pedia esmola, imediatamente levado pelo arrependimento,...colocou em seu coração o propósito de que daí em diante, na medida do possível, a ninguém que lhe pedisse por amor de Deus negaria algo”;


7- Restaura São Damião (1Cel 18): “E depois que voltou ao lugar em que, como foi dito, antigamente fora construída a igreja de São Damião... restaurou-a cuidadosamente em breve tempo”;


8- Porciúncula (1Cel 21): depois de restaurar uma segunda igreja “perto da cidade de Assis”, ele se transferiu para a Porciúncula que “estava então deserta e por ninguém era cuidada”; Quando “a viu assim destruída, movido de compaixão,... começou a morar aí permanentemente. E aconteceu que, depois que restaurou a dita igreja, decorria o terceiro anos de sua conversão. Nesse tempo, trajando um hábito parecido com o eremítico, cingindo uma correia e portando um bastão, andava com os pés calçados”;


9- Escuta do Evangelho (1Cel 22-23): Certo dia, na Porciúncula, escutou o Evangelho do envio dos discípulos; Depois da missa “ele suplicou humildemente ao sacerdote que lhe fosse explicado o Evangelho”; Após ouvir a explicação, Francisco diz: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração”; “Desata imediatamente os calçados dos pés, depõe o bastão das mãos e, contente com uma só túnica, trocou a correia por um cordão”; “A partir de então... começou a pregar a todos a penitência, edificando a todos com palavras simples... É certamente admirável, porque começou a pregar onde no início, quando era criança, aprendera a ler; e nesse lugar também foi primeiramente sepultado... Em toda pregação sua, antes de propor a palavra de Deus aos que estavam reunidos, invocava a paz, dizendo: O Senhor vos dê a paz!”;


10- Primeiros companheiros (1Cel 24): o primeiro “foi alguém de Assis que tinha espírito piedoso e simples” e o segundo foi frei Bernardo.




Paz e Bem!

Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018


Significado do Brasão da EFRAM







O brasão da Escola Franciscana de Meditação foi apresentado oficialmente aos meditantes no Convento dos Capuchinhos de Caruaru no dia 01 de março de 2009 durante o primeiro “Encontrão”. No centro do brasão aparece em destaque o Monograma do Santo Nome de Jesus (IHS): são as três primeiras letras do Nome de Jesus quando escrito em grego. Na parte mais alta do brasão, está a mão de Deus Pai a nos apontar o Nome do seu Filho amado. O Espírito Santo, por sua vez, está representado pelo “Dedo de Deus” (cf. Ex 8,15; Ex 31,18; Lc 11,20). Num dos versos do Veni Creator, belíssimo hino medieval, o Espírito Santo é chamado de: “Dígitus Paternae dexterae” (Dedo da direita do Pai). Abaixo do brasão, aparecem duas mãos estigmatizadas: a de nosso senhor Jesus Cristo e a do nosso seráfico pai São Francisco. Os dois dedos estendidos da mão de nosso Senhor nos indicam as suas duas naturezas. Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. A Virgem Maria é representada no brasão da EFRAM como a “Estrela da Manhã”: antecedendo o raiar do dia, ela prenuncia o Sol da Justiça que é Jesus, nosso Senhor. Por trás do Santo Nome, contemplamos o “Tau”, sinal preferido do pai São Francisco. Essa letra, presente tanto do alfabeto grego como no hebraico, é citada no livro de Ezequiel (Ez 9,4-6): para a salvar os justos de Jerusalém, Deus mandou marcá-los com o Tau. Por essa razão, desde os tempos antigos, os cristãos usam o Tau como sinal de proteção, de conversão e de pertença a Deus.





Paz e Bem!




Frei Salvio Romero.


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Conhecendo melhor a EFRAM...





1 - O que é a EFRAM?

A Escola Franciscana de Meditação (EFRAM) é uma Associação de Fiéis cujos membros pertencem basicamente a duas categorias:
A) Diretores Locais: coordenam os grupos de meditação. São preparados e enviados para esse serviço pela Direção Geral da Escola;
B) Meditantes em geral: pessoas que livremente ingressam nos grupos de meditação e permanecem neles até quando achar necessário.


2 – Qual é a missão da EFRAM?

A missão específica da EFRAM é “praticar, ensinar e difundir” a meditação cristã de acordo com o antiquíssimo método da invocação do Santíssimo Nome de Jesus.


3 - Quem pode participar dos grupos de meditação?

Toda pessoa de boa vontade que queira aprender a rezar de modo contemplativo pode participar dos grupos de meditação.


4 - Às vezes o grupo de meditação é questionado porque não assume serviços pastorais específicos numa paróquia. Por que não o faz?

Em primeiro lugar, deve-se deixar claro que a Escola de Meditação já é um serviço oferecido aos fiéis seja numa paróquia seja em outro lugar. Quem coordena o grupo está exercendo uma missão específica: convoca, ensina e guia as pessoas interessadas no aprendizado da meditação. Cada meditante, por sua vez, é motivado a colocar-se a serviço do Reino de Deus onde quer que esteja. Antes de ingressar na EFRAM, os meditantes geralmente já assumiam trabalhos pastorais e continuarão a exercê-los de modo melhor e mais consciente. O catequista que vem para o grupo de meditação se tornará um catequista mais orante e mais capacitado para exercer o seu trabalho. O missionário que medita certamente terá muito mais gosto e disposição para levar o Evangelho a quem precisa. Enfim, todos os grupos pastorais de uma paróquia serão beneficiados pela presença de um grupo de meditação. A EFRAM não deseja que nenhum de seus membros se afaste do trabalho pastoral e evangelizador, porém esse serviço será assumido pessoalmente por cada meditante e não pelo grupo como tal.


5 - Onde pode haver um grupo de meditação?

Os grupos de meditação podem estar presentes em diversos lugares: comunidades cristãs, paróquias, casas de família, hospitais, colégios, empresas, etc. Para que haja um bom funcionamento de um grupo de meditação faz-se necessário um ambiente silencioso e com certa tranquilidade.


6 - Como fazer para formar um novo grupo de meditação?

Após a devida permissão da autoridade competente, a Direção Geral da EFRAM prepara a pessoa que vai coordenar o novo grupo e, em seguida, convoca os fiéis que desejam ingressar na EFRAM.



Frei Salvio Romero, OFM Cap.



Paz e bem



domingo, 18 de junho de 2017

A Família Capuchinha






1.1 - O Sonho de retornar às origens...


A Ordem dos Frades Menores, fundada pelo pai São Francisco nos inícios do século XIII, tinha como grande ideal seguir a Cristo e ao seu Evangelho numa vida de intensa fraternidade e efetiva minoridade.

De uma origem muito simples e pobre, esta Ordem logo conheceu grande desenvolvimento e ampla difusão, conquistando o mundo das universidades, dos grandes centros urbanos e dos grandes conventos. Ainda no século XIII esta Ordem deu à Igreja um papa, diversos bispos, cardeais, teólogos e pregadores de grande competência.

Apesar desse glorioso desenvolvimento, permanecia no coração de muitos franciscanos o desejo de retornar àquela maior simplicidade das origens e àquele modo radical de viver a pobreza evangélica praticada e ensinada pelo bem-aventurado pai São Francisco e seus primeiros companheiros.

A história franciscana está repleta dessas tentativas de retorno e de reforma não sem graves conflitos e divisões dentro da Ordem.

Passados três séculos da fundação da Ordem de São Francisco, surgia na região das Marcas, Itália, um grupo de frades que buscavam viver radicalmente a Regra Franciscana numa pobreza austera e numa vida retirada na solidão contemplativa dos eremitérios, sem deixar de lado a pregação popular do Evangelho feita de modo simples e claro.

Assim, no dia 03 de julho de 1528, o Papa Clemente VII aprovava oficialmente essa pequena fraternidade de franciscanos, chamados logo a seguir de Frades Capuchinhos.









1.2 - Origens dos Capuchinhos

As origens da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos remontam ao ano de 1525, quando, na região italiana das Marcas, o frei Mateus de Bascio, querendo seguir radicalmente o ideal franciscano primitivo como pregador itinerante, foge do seu convento e consegue do papa uma aprovação oral para  o seu intento. Por causa de seus ideais, frei Mateus foi perseguido e encarcerado pelo seu superior. Livrou-se da prisão graças à intervenção de Catarina Cybo, duquesa de Camerino e sua ilustre admiradora.

Ainda neste mesmo ano de 1525, entram em cena os dois irmãos de sangue, Frei Ludovico e Frei Rafael de Fossombrone. Eles também buscavam o ideal primitivo de São Francisco e seus primeiros companheiros, e para isso queriam unir-se ao frei Mateus.

Como não conseguiam licença dos superiores para a vida eremítica, tornaram-se fugitivos e, por esta razão, foram perseguidos e procurados pelas autoridades da Ordem. Em março de 1526, encontramos o frei Ludovico e o frei Rafael refugiados entre os monges Camaldulenses.

Os dois irmãos buscavam a vida pobre e contemplativa nos eremitérios, enquanto o frei Mateus desejava mais a vida itinerante e missionária. Essas duas tendências irão marcar a vida e a espiritualidade dos primeiros capuchinhos.

Aos 18 de maio de 1526, eles conseguiram do penitenciário maior, o cardeal Lourenço Pucci, uma autorização para viver como eremitas sob a proteção do bispo de Camerino e sem a interferência dos superiores da Ordem Franciscana.

E lá se foram eles morar no eremitério de São Cristovão de Arcofiato, aproximadamente uns três quilômetros de Camerino. Foi neste lugar que o Frei Ludovico amadureceu o projeto de dar vida à nova reforma franciscana.

Graças à intervenção da grande benfeitora daqueles primeiros frades, Catarina Cybo, a duquesa de Camerino, no dia 03 de julho de 1528, o frei Ludovico conseguiu do Papa Clemente VII, a Bula Religionis zelus que aprovava e reconhecia oficialmente a nova reforma franciscana.




São Félix de Cantalice (séc. XVI), primeiro santo capuchinho.





1.3 - A grande Família Capuchinha


Aos 03 de julho, celebramos o Dia da Família Capuchinha: uma família espiritual dentro da grande e fecunda família franciscana.

Esta data foi escolhida porque no dia 03 de julho de 1528, através da Bula Religionis Zelus, o Papa Clemente VII reconhecia e aprovava oficialmente a nova reforma na Ordem Franciscana, chamada logo nos seus inícios de Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Dez anos mais tarde, em 1538, na cidade de Nápoles, o Mosteiro fundado pela venerável Maria Lourença Longo é agregado à Ordem dos Capuchinhos por determinação do Papa Paulo III, formando com eles uma só família espiritual.

Nesses 489 anos de existência da Ordem dos Capuchinhos, inúmeros institutos de vida consagrada, sociedades de vida apostólica, associações de fiéis e outras tantas instituições nasceram por iniciativas dos capuchinhos ou foram assistidas por eles, formando uma só família que se inspira na mesma tradição espiritual.


Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.





 Pax et Bonum!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Refeição na Porciúncula: Santa Clara e São Francisco
(baseado em Fioretti 15)









“São Francisco, quando estava em Assis, frequentes vezes visitava Santa Clara, dando-lhes santos ensinamentos”. Ela tinha grande desejo de comer uma vez com o santo pai, mas ele sempre resistia a dar-lhe esta santa consolação.


Incentivado por seus frades, o pai Francisco decidiu realizar aquele piedoso desejo de Santa Clara, dizendo: “Quero que esta refeição se faça em Santa Maria dos Anjos, pois foi ali que nossa irmã Clara foi consagrada ao Senhor, tornando-se esposa de Jesus. Ali comeremos juntos em nome de Deus”.








Quando chegou o dia marcado, “Santa Clara saiu do mosteiro com uma companheira, e, acompanhada pelos companheiros de São Francisco, chegou a Santa Maria dos Anjos e saudou a Virgem Maria” diante do altar onde tinha sido consagrada ao Senhor.


Chegada a hora do jantar, São Francisco mandou pôr a mesa sobre a terra nua como de costume. Sentaram-se São Francisco e Santa Clara juntamente com os frades e a companheira da santa.


O Pai São Francisco começou a falar tão bonito sobre Deus e suas maravilhas que logo todos ficaram arrebatados. E, assim, arrebatados permaneceram por muito tempo com os olhos e as mãos erguidos para o céu.







Os habitantes de Assis e da região viram de longe que a igrejinha de Santa Maria dos Anjos e todo o bosque ao seu redor estavam em chamas. Parecia que um terrível incêndio tinha tomado a casa dos frades na Porciúncula.


Os homens de Assis e da região correram apressadamente para ver o que se passava em Santa Maria da Porciúncula. Mas, chegando ao lugar e não encontrando nada queimando, “entraram dentro e acharam São Francisco com Santa Clara e com toda a sua companhia arrebatados em Deus em contemplação e assentados ao redor desta humilde mesa”. Era fogo divino e não fogo material! Era fogo divino que fazia arder os corações daqueles santos frades e santas monjas.









Após aquela santa refeição, Santa Clara voltou ao mosteiro de São Damião bem acompanhada pelos frades de São Francisco, alegrando-se muitíssimo no Senhor.


Em louvor de Cristo. Amém.









Paz e bem!