EFRAM: texto formativo
Atenção e Intenção
Quem
não gostaria de alcançar uma perfeita concentração na hora de meditar? Este é o
sonho de qualquer meditante. Porém, nossa mente, sempre muito escorregadia, costuma
vaguear o tempo todo. Durante a meditação, inúmeros pensamentos, imaginações,
memórias e sensações costumam desviar a nossa atenção. Muitos iniciantes querem
logo desistir, pensando que a meditação é algo reservado somente a quem possui
dons ou qualidades fora do comum.
A
Meditação Cristã, no entanto, não é apenas um exercício de concentração. Não
basta prestar atenção. É preciso que haja uma vontade, um desejo, uma decisão
de ficar na presença de Deus e de se abandonar em seus braços. Portanto, além
da “atenção”, o meditante precisa ter a “intenção” de estar com Deus.
1-
ATENÇÃO: Em qualquer método de meditação, o praticante procura manter sua
atenção focada em algo determinado. Esta é a técnica comum a todos os métodos. De
fato, ninguém medita a não ser prestando atenção. No caso da EFRAM, nossa
atenção se volta ao Nome de Jesus durante todo o tempo da meditação.
Durante
as atividades cotidianas, você nem percebe como a mente é barulhenta, inquieta
e dispersiva. Esta realidade só é percebida quando paramos para meditar. Como
proceder diante de tantas distrações? Não há uma solução fácil e definitiva. O
segredo é não se deixar prender por elas. Com paciência e simplicidade, volte
sua atenção para o Santo Nome, e as distrações passarão.
2
- INTENÇÃO – A meditação cristã não é apenas uma prática psicológica ou um
exercício mental. Ela é sobretudo uma oração. Por este motivo, não basta uma
perfeita concentração. Alguém sem nenhuma fé, por exemplo, também pode repetir
o Santo Nome atentamente e, mesmo assim, tal exercício não se tornará uma oração.
Para que seja uma verdadeira oração é necessário a “intenção” de se relacionar
com Deus, de ficar em silêncio na sua presença e de se deixar conduzir por Ele.
A “intenção” é um ato da vontade, um ato de fé, um desejo de estar com Deus.
Sem ela a meditação se torna um exercício cujo objetivo é apenas o bem-estar
físico, mental e emocional do praticante.
Mesmo
que nos venha a faltar a devida concentração, nossa vontade pode manter a “intenção”
de permanecer em silêncio na presença de Deus. Se nossa imaginação se comporta
como uma louca e não consegue sossegar, mesmo assim poderemos permanecer com o
firme desejo de estar com Deus. De que adiantaria invocar o Nome de Jesus com
perfeita concentração, se viesse a faltar o desejo de estar com Deus?
É
claro que meditar sem a desejada concentração não é uma coisa agradável. É, de
fato, uma tarefa árdua e árida. Parece que estamos perdendo tempo e que não
estamos na presença do Senhor. No entanto, o melhor remédio é não desistir e
continuar apesar de tudo, confiando sempre no Senhor.
Ao
invocar o Santo Nome, o meditante se une a Cristo e, com Ele, ao Pai no
Espírito Santo. Este é o maior e melhor fruto da Meditação Cristã. Mesmo que haja
muitas distrações, ela nos conduz a uma relação amorosa e filial para com Deus.
Passamos a enxergar melhor a presença de Deus e o seu agir em nós e ao nosso
redor.
A
fidelidade aos momentos diários de meditação é sinal de que Deus é prioridade
em nossa vida. Mesmo tendo tantas outras coisas a fazer, paramos e consagramos
a Deus nosso tempo, nosso amor e nossa atenção.
Nossa
comunhão com Deus é sempre um dom gratuito. Ela não é “resultado” de nossas
orações ou da nossa própria vontade. Não é algo que conquistamos com nosso
próprio esforço. O que está ao nosso alcance é apenas preparar o coração como
se prepara um terreno para semear. Desta forma, estaremos mais receptivos para receber
a Graça (de graça!) que é o próprio Deus.
A meditação deve ser praticada com simplicidade
e humildade. Não exija de si mesmo uma perfeição técnica. Queira antes de tudo
agradar a Deus e não a si mesmo. Somente a prática regular e contínua vai
ajudar você a invocar o Nome de Jesus com amor e atenção.
Paz e bem!
Frei Salvio Romero, OFMCap.
Diretor da EFRAM.