Ambições
do jovem Francisco
Entre
1202 e 1203 o jovem Francisco passou pela dolorosa experiência do cárcere na
cidade de Perúgia. Saindo de lá gravemente enfermo, voltou para a casa de seus
pais onde conseguiu se restabelecer lentamente. A Legenda dos Três Companheiros
afirma que: “Terminado o ano, e restabelecida a paz entre as mencionadas
cidades, Francisco voltou a Assis com seus companheiros de prisão” (LTC 4,6).
Segundo
um grande conhecedor deste assunto, “Francisco voltou a Assis, à sua vida costumeira,
às suas ambições adormecidas, à sua generosidade” (Raoul Manselli, S. Francisco, Vozes, 1997, pág. 53). Entre essas
ambições encontrava-se a de ser condecorado com o título de “Cavaleiro”,
honraria geralmente reservada à nobreza. Ainda segundo o mesmo autor citado
acima, esse desejo de Francisco, relatado pelos biógrafos do santo, não é
desprovido de um fundamento histórico: “O rico comerciante, que aspira a
tornar-se nobre, aparece frequentemente na vida italiana destes séculos e
destes anos” (idem, pág. 54).
A
Legenda dos Três Companheiros nos conta como o jovem Francisco teve
oportunidade de realizar seu grande sonho: “Um certo nobre da cidade de Assis
se prepara com armas militares para ir à Apúlia, afim de aumentar as conquistas
em dinheiro e em honra. Tendo ouvido isto, Francisco anseia por ir com ele e,
para ser feito cavaleiro por um certo conde de nome Gentil, prepara como pode
roupas preciosas, sendo mais largamente pródigo do que seu concidadão, embora
mais pobre em riquezas” (LTC 5,1-2).
Estamos
por volta do ano de 1205, e Francisco conta agora com 23 anos. Enquanto ele
aguardava o início da viagem, ocorreu algo significativo: “Quando à noite
dormia em seu leito, apareceu-lhe alguém que, chamando-o pelo nome, o conduziu
a um palácio de indizível e magnífica beleza, cheio de armas militares e também
de resplendentes escudos assinalados por uma cruz que pendiam em todas em todas
as paredes ao seu redor” (Anônimo
Perusino 5,2).
Francisco
ficou admirado com a beleza do palácio e das armas. Perguntando de quem era
tudo aquilo, veio-lhe a resposta: “Todas estas coisas, juntamente com o
palácio, são tuas e dos teus cavaleiros” (AP
5,3). Quando ele acordou, entendeu que aquele sonho era uma confirmação de
seus planos, e que poderia de fato chegar a ser um grande cavaleiro. Por isso,
“tendo-se tornado mais alegre do que de costume, era admirado por todos. Aos
que lhe perguntavam sobre a causa de onde provinha esta nova alegria respondia:
‘Sei que hei de ser um grande príncipe’” (AP
5,7).
Chegou
finalmente o dia da partida e lá se foi o jovem em direção à Apúlia para
conquistar seu sonho de ser cavaleiro: “Quando chegou a Espoleto, preocupado
com sua viagem, e à noite se preparava para dormir, meio dormindo, ouviu uma
voz que o interrogava para onde queria ir. Ele lhe revelou, por ordem, todo o
seu propósito. De novo, a voz lhe disse: ‘Quem pode ser-te mais útil, O Senhor
ou o servo?’ Ele respondeu: ‘O Senhor’. ‘Por que então deixas o Senhor pelo
servo e o Príncipe pelo vassalo?’ Francisco lhe diz: ‘Que quereis que eu faça,
Senhor?’ Diz-lhe: ‘Volta para a tua terra para fazer o que o Senhor te há de
revelar” (AP 6,2-7).
Assim
que amanheceu, ele voltou para Assis “alegre e exultando muitíssimo, esperando
a vontade do Senhor. (...) Transformado já na mente, recusa-se a ir à Apúlia e
deseja conformar-se à vontade divina” (LTC
6,12-13). Segundo o autor do Anônimo Perusino, “tomando o caminho, quando
chegou a Foligno, vendeu o cavalo em que estava montado e as vestes com as
quais se ornara para ir à Apúlia, vestindo-se de roupas mais baratas” (AP 7,2).
Retornando
a sua cidade, é possível que Francisco tenha enfrentado um sério conflito com
sua família por causa da sua desistência, tendo em vista os altos investimentos
na preparação para a guerra. Os biógrafos não falam sobre esse possível
conflito, mas podemos certamente supô-lo, tendo em vista o temperamento e as
ambições de Pedro Bernardone, pai de Francisco.
Paz e Bem
Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.
Fico imaginando a emoção deste chamado. Como deve ser bom falar diretamente com Deus! Todas as ambições caem por terra.
ResponderExcluirSenhor, que quereis que eu faça? Uma entrega confiante.
Que Deus nos ajude a estar prontos para a nossa missão.
Lindo texto! Paz e Bem!
Socorro Melo
"Não há poder maior do que o poder da Santissima Trindade, e é neste poder que nos revestimos, e nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Amém.". Aquele que houve a palavra do Senhor, por mais difícil que seja, jamais jamais perecerá. Eu creio no Deus do Imposssivel, o Deus do além através de uma FÉ inabalável que nos leva ao máximo do limite na sua insondável misericórdia. Amém !
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