terça-feira, 3 de abril de 2012

 SÃO FRANCISCO E O TAU





O seráfico pai São Francisco tinha uma grande admiração e reverência para com o Tau. Todos os biógrafos do santo confirmam que, de fato, este era o seu sinal preferido.


O Frei Tomás de Celano, que conheceu de perto o seráfico pai e foi o primeiro a escrever a história deste santo, deixou-nos o seguinte testemunho:


“O sinal Tau era-lhe familiar acima de todos os outros; utilizava-o como única assinatura para suas cartas e pintava-o nas paredes de todas as celas” (3Celano 3,4).




São Boaventura, escrevendo sobre São Francisco algumas décadas após a morte do santo, confirma o que já tinha sido dito por Celano :


“Na verdade, o homem de Deus venerava este sinal com grande afeto, recomendava-o com frequentes admoestações, colocava-o no início de suas ações, subscrevia-o de próprio punho nas cartas que enviava por caridade, como se todo seu empenho fosse, de acordo com a palavra do profeta, ‘marcar com um Tau as frontes dos homens que gemem e sofrem’ (Ez 9,4), dos verdadeiros convertidos a Cristo Jesus” (Legenda Menor 2,9).


Na Basílica de São Francisco, em Assis, os visitantes podem ver ainda hoje o Tau que São Francisco desenhou no pergaminho enviado a Frei Leão.



Há um outro precioso documento que confirma o que foi dito pelos biógrafos: trata-se de uma cópia, feita entre 1229-1238, da Carta de São Francisco a todos os Clérigos, encontrada num antigo missal do Mosteiro Beneditino de Subiaco.  No final do documento o copista teve o cuidado de reproduziu inclusive o Tau com o qual o pai seráfico tinha assinado sua Carta.



Na visão de Frei Pacífico, São Francisco aparece  marcado pelo Tau:


“Frei Pacífico, homem de Deus, agraciado por visões celestes, viu com os olhos do seu corpo um grande Tau, com vários raios dourados, brilhando sobre a fronte do bem-aventurado pai” (3Celano 3,5).



Na obra “Tratado dos Milagres”, Tomás de Celano nos conta que um devoto de São Francisco ficou curado após ter sido tocado por um Tau que o santo trazia consigo. Este episódio, ocorrido após a morte do santo, confirma mais uma vez a devoção de São Francisco pelo Tau:


“Na cidade de Cori, na Diocese de Óstia, um homem perdera totalmente o movimento da perna, de modo que de maneira alguma podia andar e nem movimentar-se. Tomado de profunda angústia e desesperado de auxílio humano, certa noite começou, como se visse presente a São Francisco, a lamentar-se diante dele, em vista do seu estado. ‘Ajuda-me, São Francisco, recordando o favor e a devoção que prestei a ti. Pois te levei no meu burro; beijei teus pés e tuas santas mãos; fui sempre teu devoto e sempre benévolo; e eis que morro de dor, neste duríssimo sofrimento’. Comovido por esta imploração, subitamente o santo, junto com outro frade, apareceu ao homem vigilante. Disse que veio a seu chamado, trazendo os remédios para a sua saúde. Tocou o lugar da dor com pequena bengala, que tinha a figura do Tau. Subitamente rompeu-se o abcesso e, recuperada a saúde, até hoje o lugar ficou marcado com o sinal do Tau. Com este sinal São Francisco assinava suas cartas cada vez que, por necessidade ou por caridade, enviava algum escrito.” (3Celano 159).






“Que São Francisco tenha adotado o Tau como distintivo para si mesmo, isto se deve à própria forma desta letra: a maneira como grafamos o Tau tem semelhança com a representação da cruz. Aos olhos de Francisco nenhum símbolo era desprezível ou ridículo para lembrar seu bem-amado Cristo. Da mesma forma que respeitava o verme da terra e protegia os cordeirinhos, assim também venerava o Tau que evocava o amor do crucificado” (Dicionário Franciscano, Vozes, 2ª edição, 1999, pág. 724).




  
 Em Fonte Colombo, lugar onde São Francisco escreveu sua Regra, foi descoberta uma antiga pintura do Tau que, muito provavelmente, remonta a São Francisco. Este sinal, localizado numa das paredes da capelinha de Santa Madalena, estava encoberto por tinta do século XV.


Convento de Fonte Colombo: neste local São Francisco escreveu
a Regra da Ordem dos Frades Menores.


Capela de Santa Maria Madalena em Fonte Colombo:
aqui tem um pequeno Tau pintado na parede
atribuído a São Francisco.

Interior da Capela de Santa Madalena em Fonte Colombo:
perto da janelinha ao lado há um pequeno Tau pintado.

Tau pintado na parede da Capela de Santa Madalena.
Esta pequena pintura é atribuída a São Francisco.


 
Paz e Bem!



Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.

Um comentário:

  1. Olá, Frei Salvio!

    ...Uma devoção que foi cultivada pela família franciscana, e que perdura até hoje...
    Não conhecia a história sobre a visão de Frei Pacífico, achei-a muito interessante.

    Ficamos no aguardo dos próximos artigos.
    Paz e Bem!

    Socorro Melo

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