sábado, 3 de março de 2012

O Tau: símbolo cristão





         Desde a antiguidade, o Tau foi incorporado ao simbolismo cristão. Ele foi divulgado e comentado amplamente por muitos Padres da Igreja.
Na devoção popular, muitos cristãos usavam o Tau com a intenção de serem preservados de muitos males como a peste e outros perigos e até mesmo das seduções diabólicas.  Muitos o traziam no peito ou inscrito em anéis; era desenhado em pergaminhos ou mesmo pintado nos portais das casas.




Há um antigo relato do século VI que confirma esse uso do Tau:

“Em 546, por ocasião de uma peste, o bispo de Clermont, na França, organizou uma solene procissão. O historiador Gregório de Tours (contemporâneo do acontecimento) diz que apareceu de repente nas paredes de todas as casas e de todas as igrejas ‘um sinal que os habitantes reconheceram ser o Tau’, e desta forma a epidemia cessou”. (Dicionário Franciscano, Vozes, 2ª edição, 1999, pág.725).





Na Idade Média também constatamos o uso do Tau pelos cristãos:

Em 1212, já na época de São Francisco, a Cruzada das Crianças escolheu o Tau como o seu distintivo.

Os Irmãos Hospitaleiros de Santo Antão, conhecidos como Antonianos, também tinham o Tau como distintivo. Eles o traziam costurado no hábito e no bastão que portavam podia-se ver este sinal esculpido. Eles cuidavam de um hospital de leprosos em Roma no qual São Francisco se hospedou por várias vezes (cf. Legenda Maior 3,9).




O IV Concílio de Latrão, realizado em 1215, foi aberto no dia 11 de novembro pelo papa Inocêncio III com um discurso que, na segunda parte, comentava o capítulo nove do profeta Ezequiel e enfatiza o significado do Tau para todos os cristãos:

“O Tau é a última letra do alfabeto hebraico e tem a forma de uma cruz, como se apresentava a cruz antes de receber a inscrição de Pilatos. Aquele que traz em sua fronte o sinal do Tau manifesta em toda a sua conduta o esplendor da cruz; trazendo a cruz crucifica a carne com seus vícios e pecados; se traz o Tau afirma: de nada quero gloriar-me a não ser da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que foi marcado pelo Tau encontrará misericórdia, sinal de vida penitente e renovada em Cristo ... Sede, pois, campeões do Tau e da Cruz” (Dicionário Franciscano, Vozes, pág.725).




Este apelo do papa Inocêncio III por uma “cruzada” de conversão e de penitência foi dirigido a toda a cristandade e deve ter influenciado bastante a São Francisco de Assis.


PAX ET BONUM 


Frei Salvio Romero, eremita capuchinho

2 comentários:

  1. Estimado Frei,
    Belo trabalho.Gostaria de entra em contato com o senhor:jsmcl8@gmail.com
    Vosso,
    Ir.José

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  2. Olá, Frei Salvio!

    É muito interessante este artigo, especialmente as palavras trancritas abaixo:

    "Aquele que traz em sua fronte o sinal do Tau manifesta em toda a sua conduta o esplendor da cruz; trazendo a cruz crucifica a carne com seus vícios e pecados; se traz o Tau afirma: de nada quero gloriar-me a não ser da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que foi marcado pelo Tau encontrará misericórdia, sinal de vida penitente e renovada em Cristo ..."

    Que todos nós, cristãos, tenhamos essa consciência, ao carregarmos no peito a cruz-tau...

    Paz e Bem!
    Socorro Melo

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