A Família Capuchinha
1.1 - O Sonho de
retornar às origens...
A Ordem dos Frades Menores,
fundada pelo pai São Francisco nos inícios do século XIII, tinha como grande
ideal seguir a Cristo e ao seu Evangelho numa vida de intensa fraternidade e efetiva
minoridade.
De uma origem muito simples e
pobre, esta Ordem logo conheceu grande desenvolvimento e ampla difusão,
conquistando o mundo das universidades, dos grandes centros urbanos e dos
grandes conventos. Ainda no século XIII esta Ordem deu à Igreja um papa, diversos
bispos, cardeais, teólogos e pregadores de grande competência.
Apesar desse glorioso
desenvolvimento, permanecia no coração de muitos franciscanos o desejo de retornar
àquela maior simplicidade das origens e àquele modo radical de viver a pobreza
evangélica praticada e ensinada pelo bem-aventurado pai São Francisco e seus
primeiros companheiros.
A história franciscana está
repleta dessas tentativas de retorno e de reforma não sem graves conflitos e
divisões dentro da Ordem.
Passados três séculos da
fundação da Ordem de São Francisco, surgia na região das Marcas, Itália, um
grupo de frades que buscavam viver radicalmente a Regra Franciscana numa pobreza
austera e numa vida retirada na solidão contemplativa dos eremitérios, sem
deixar de lado a pregação popular do Evangelho feita de modo simples e claro.
Assim, no dia 03 de julho de
1528, o Papa Clemente VII aprovava oficialmente essa pequena fraternidade de
franciscanos, chamados logo a seguir de Frades Capuchinhos.
1.2 - Origens dos Capuchinhos
As origens da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos remontam
ao ano de 1525, quando, na região italiana das Marcas, o frei Mateus de Bascio,
querendo seguir radicalmente o ideal franciscano primitivo como pregador
itinerante, foge do seu convento e consegue do papa uma aprovação oral para o seu intento. Por causa de seus ideais, frei
Mateus foi perseguido e encarcerado pelo seu superior. Livrou-se da prisão
graças à intervenção de Catarina Cybo, duquesa de Camerino e sua ilustre
admiradora.
Ainda neste mesmo ano de 1525, entram em cena os dois irmãos
de sangue, Frei Ludovico e Frei Rafael de Fossombrone. Eles também buscavam o
ideal primitivo de São Francisco e seus primeiros companheiros, e para isso
queriam unir-se ao frei Mateus.
Como não conseguiam licença dos superiores para a vida
eremítica, tornaram-se fugitivos e, por esta razão, foram perseguidos e procurados
pelas autoridades da Ordem. Em março de 1526, encontramos o frei Ludovico e o
frei Rafael refugiados entre os monges Camaldulenses.
Os dois irmãos buscavam a vida pobre e contemplativa nos
eremitérios, enquanto o frei Mateus desejava mais a vida itinerante e
missionária. Essas duas tendências irão marcar a vida e a espiritualidade dos
primeiros capuchinhos.
Aos 18 de maio de 1526, eles conseguiram
do penitenciário maior, o cardeal Lourenço Pucci, uma autorização para viver como
eremitas sob a proteção do bispo de Camerino e sem a interferência dos
superiores da Ordem Franciscana.
E lá se foram eles morar no eremitério de
São Cristovão de Arcofiato, aproximadamente uns três quilômetros de Camerino.
Foi neste lugar que o Frei Ludovico amadureceu o projeto de dar vida à nova
reforma franciscana.
Graças à intervenção da grande benfeitora
daqueles primeiros frades, Catarina Cybo, a duquesa de Camerino, no dia 03 de
julho de 1528, o frei Ludovico conseguiu do Papa Clemente VII, a Bula Religionis
zelus que aprovava e reconhecia oficialmente a nova reforma franciscana.
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São Félix de Cantalice (séc. XVI), primeiro santo capuchinho. |
1.3 - A grande Família
Capuchinha
Aos 03 de julho, celebramos o Dia
da Família Capuchinha: uma família espiritual dentro da grande e fecunda
família franciscana.
Esta data foi escolhida porque no
dia 03 de julho de 1528, através da Bula Religionis Zelus, o Papa Clemente VII reconhecia
e aprovava oficialmente a nova reforma na Ordem Franciscana, chamada logo nos
seus inícios de Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Dez anos mais tarde, em 1538, na
cidade de Nápoles, o Mosteiro fundado pela venerável Maria Lourença Longo é agregado
à Ordem dos Capuchinhos por determinação do Papa Paulo III, formando com eles uma
só família espiritual.
Nesses 489 anos de existência
da Ordem dos Capuchinhos, inúmeros institutos de vida consagrada, sociedades de
vida apostólica, associações de fiéis e outras tantas instituições nasceram por
iniciativas dos capuchinhos ou foram assistidas por eles, formando
uma só família que se inspira na mesma tradição espiritual.
Frei Salvio Romero,
eremita capuchinho.
Pax et Bonum!
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