São Francisco
e a Virgem Maria
Mais uma vez estamos celebrando festivamente o mês dedicado à
bem-aventurada Virgem Maria. Enquanto estamos vivenciando as alegrias do Tempo
da Páscoa, nosso olhar se volta para a mãe do Ressuscitado para contemplar com
ela os mistérios da nossa redenção através da oração do santo Rosário. Por esta
razão, queremos, nesta página franciscana, falar um pouco sobre a devoção
mariana presente na vida e nos ensinamentos do pai São Francisco.
São Francisco contempla a Virgem Maria na sua íntima relação com
o mistério da Encarnação, sempre unida ao seu Filho e Redentor: “Onipotente,
santíssimo, altíssimo e sumo Deus... por vosso Filho nos criastes, do mesmo
modo... o fizeste nascer como verdadeiro Deus e verdadeiro homem da gloriosa sempre
Virgem, a beatíssima Santa Maria” (Regra
não Bulada 23).
Na Carta aos Fiéis, possivelmente tendo em vista a heresia dos cátaros,
São Francisco põe em relevo a realidade humana e carnal assumida pelo Verbo
eterno de Deus ao se encarnar no seio da Virgem Maria: “Esta Palavra do Pai tão
digna, tão santa e gloriosa, o altíssimo Pai a enviou do céu por meio de seu
santo anjo Gabriel ao útero da santa e gloriosa Virgem Maria, de cujo útero
recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade” (Carta aos Fiéis 4).
Tomás de Celano, ao falar da devoção do seráfico pai pela
bem-aventurada Virgem, nos oferece a razão deste amor: Francisco “Abraçava a
Mãe de Jesus com indizível amor, pelo fato que ela tornou irmão nosso o Senhor
da majestade. Cantava-lhe louvores especiais, derramava preces, oferecia afetos
tantos e tais que a língua humana não poderia exprimir” (2Celano 198).
São Francisco se comovia ao contemplar a pobreza da Virgem Maria
e do seu Filho. Celano afirma que num certo dia “Ao sentar-se para o almoço, um
irmão lembra-lhe a pobreza da bem-aventurada Virgem e traz à memória a
indigência de Cristo, o filho dela. Imediatamente, ele se levanta da mesa,
solta soluços dolorosos e, banhado em lágrimas, come o resto do pão sobre a terra
nua. Por isso, dizia que esta era uma virtude régia que refulgira de modo
eminente no Rei e na Rainha” (2Celano 200,4-6).
O santo pai convida-nos não apenas ao louvor e à exaltação da
Virgem, mas principalmente a assumir em nossa vida a maternidade da Virgem
Maria. Na Carta aos Fiéis ele fala da possibilidade de sermos mães de Jesus:
“Somos mães, quando o trazemos em nosso coração e nosso corpo através do amor e
da consciência pura e sincera; damo-lo à luz por santa operação que deve
brilhar como exemplo para os outros” (2Fi
53).
São Francisco nos deixou uma bela e pequenina oração dirigida à
Virgem: “Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós.
Filha e serva do altíssimo Rei e Pai celestial, mãe de nosso santíssimo Senhor
Jesus Cristo, Esposa do Espírito Santo, rogai por nós com São Miguel arcanjo e
todas as virtudes do céu e todos os santos, junto a vosso santíssimo e dileto
Filho, nosso Senhor e Mestre. Amém” (Antífona
do Ofício da Paixão). Nesta oração, o santo exalta a Virgem como a Esposa
do Espírito Santo, sendo possivelmente o primeiro a usar esta expressão (cf. Dicionário Franciscano, 2ª edição,
Vozes, 1999, pág. 409 e 410).
Por fim não podemos esquecer o amor de São Francisco pela
Porciúncula, lugar dedicado a Mãe de Deus, e onde “ele próprio concebeu pelos
méritos da Mãe de misericórdia e deu à luz o espírito da verdade evangélica” (Legenda Maior 3,1). Naquele santo lugar
ele confiou a sua Ordem aos cuidados da Virgem: “O que mais nos alegra é que
ele a constituiu advogada da Ordem e confiou à sua proteção os filhos que
haveria de deixar para serem aquecidos e protegidos até ao fim” (2Celano 198,3).
Que São Francisco seja sempre uma fonte de inspiração, para que amemos com divino amor à Virgem Maria.
ResponderExcluirPaz e bem!