Marcados pelo Tau
I Parte:
Origem bíblica desta devoção franciscana
Hoje em dia é bastante comum o uso do Tau. Muitas pessoas, especialmente os jovens, gostam de trazê-lo no peito mas talvez nem conheçam a origem, a história e o significado de tão belo símbolo.
O Tau é a última letra do alfabeto hebraico e a décima nona do alfabeto grego. A origem deste símbolo cristão encontra-se na Sagrada Escritura, precisamente no capítulo nove do livro de Ezequiel. Este profeta tem uma visão na qual a Cidade Santa está para ser destruída por causa dos abomináveis pecados do seu povo. O Senhor Deus se queixa ao profeta: “a terra está repleta de sangue e a cidade, repleta de perversão” (Ez 9,9b). Para salvar os justos do seu povo daquela terrível destruição, o Senhor envia um mensageiro para marcá-los com um sinal: “Percorre a cidade de Jerusalém e assinala com um Tau a testa dos homens que estão gemendo e chorando por causa de todas as abominações que se fazem no meio dela” (Ez 9,4). Em seguida, o Senhor envia outros mensageiros para que cumpram a sua ordem: “Percorrei a cidade atrás dele e feri. Não mostreis olhar de compaixão nem poupeis a ninguém. Velhos, moços, virgens, crianças, mulheres, vós os matareis até o extermínio. Mas não toqueis ninguém daqueles que trouxerem o Tau”.
Quando lemos esse texto do profeta Ezequiel em nossas traduções bíblicas, geralmente não encontramos a palavra “Tau”. Isto acontece porque ela vem traduzida por outros termos como “cruz” ou “marca”, mas no texto hebraico está, de fato, a palavra “Tau”.
O livro do Êxodo (Ex 12) nos oferece um relato que guarda várias semelhanças com o texto do profeta Ezequiel (Ez 9). Na noite da páscoa, quando os primogênitos do Egito foram exterminados, os filhos dos hebreus foram protegidos da morte graças a um sinal colocado nas portas: “O sangue passado nas casas em que estiverdes vos servirá de sinal. Vendo o sangue, passarei sobre vós. Não recebereis nenhum golpe destruidor, quando eu golpear a terra do Egito” (Ex 12,13). Assim, por este sinal, os primogênitos dos hebreus foram salvos. Mais tarde, os cristãos perceberam com maior profundidade esse texto, vendo nele uma prefiguração do sangue derramado por Cristo na cruz para salvar a humanidade.
O tema dos que foram salvos porque traziam consigo a “marca” ou o “selo” de Deus será retomado pelo livro do Apocalipse. No capítulo 7 deste livro fala-se dos 144 mil servos de Deus, marcados com o selo do Cordeiro, os quais foram livres do tormento. O anjo que trazia o selo do Deus vivo disse para os demais: “Não façais dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado com o selo a fronte dos servos do nosso Deus” (Ap 7,3). Observem que, mesmo não mencionando a palavra “Tau”, essa passagem do Apocalipse aponta para a mesma mensagem descrita na profecia de Ezequiel.
Dos textos sagrados relacionados acima podemos afirmar que o Tau é tanto um sinal de pertença a Deus quanto um sinal de salvação. O cristão que usa devotamente o Tau expressa através deste símbolo a sua pertença Àquele que o salvou com seu sangue redentor. No tempo atual, como também no tempo do profeta Ezequiel, o Tau não perdeu o seu sentido. Pelo contrário, é urgente a sua mensagem e atualíssimo o seu sentido.
PAX ET BONUM
Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.
Gostei muito de conhecer a origem e a história do Tau. É um símbolo de fé e de devoção muito profundo e significativo.
ResponderExcluirPaz e Bem!
Socorro Melo
Que belo símbolo. Interessante a história e o significado do Tau, nós que frequentamos como participantes da igreja da Ordem Franciscana precisamos conhecer um pouco da história.
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