quarta-feira, 1 de junho de 2011

                                                                                                              


 SANTO ANTONIO,
O "DOUTOR EVANGÉLICO"
Primeiro professor de Teologia da
Ordem Franciscana




            
                 No dia 15 de agosto de 1195, na cidade de Lisboa, reino de Portugal, nascia o segundo filho de Martins de Bulhões e Tereza Maria Taveira. Fernando foi o nome escolhido para essa criança que um dia viria a se tornar um dos santos mais populares da santa Igreja. Foi batizado na Catedral de sua cidade natal, distante de sua casa apenas algumas dezenas de metros.




Sé Catedral de Lisboa onde Santo Antonio foi batizado.




Fernando de Bulhões cresceu numa família nobre e autenticamente cristã. Ele tinha um tio materno que era cônego, do qual possivelmente herdou o nome de batismo. Quando criança e adolescente, ele freqüentou a escola e o coro infantil da Catedral.


Atual Igreja construída sobre as ruínas da casa paterna de Santo Antonio
 bem em frente à Catedral de Lisboa


 
              
 Aos quinze anos de idade entrou no mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, para se consagrar ao Senhor na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Mas como era muito visitado pelos parentes e amigos, após dois anos, pediu para ser transferido para o Mosteiro de Santa Cruz, na cidade de Coimbra. Nessa nova residência, durante oito anos, pôde dedicar-se com muita profundidade aos estudos da Sagrada Escritura e dos Santos Padres.



Atuais Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa
 
 
Atual Mosteiro da Santa Cruz em Coimbra.





Em 1217, a Ordem de São Francisco se instala em Portugal. Um pequeno convento, dedicado a Santo Antonio do Deserto, conhecido também por Santo Antão, foi construído a cerca de dois quilômetros de Coimbra (capital do Reino até 1255) para abrigar aqueles primeiros frades. É bem possível que o cônego Fernando tenha tido algum contato com aqueles frades de vida muito simples e exemplar desde os primeiros tempos da fundação da Ordem Seráfica em Portugal




Em 1220, chegaram ao Mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra, as relíquias dos primeiros mártires franciscanos, vindas de Marrocos, norte da África, onde foram evangelizar. Tocado pelo exemplo daqueles cinco mártires, o cônego Fernando pediu para ser aceito entre os filhos de São Francisco. Nesse mesmo ano, ele vestiu o hábito franciscano e passou a morar no pequeno convento de Santo Antonio dos Olivais, razão pela qual ele recebe o novo nome de “Frei Antonio”.





Atual Convento de Santo Antonio (ou Antão) dos Olivais.
Aqui  o Frei Antonio ingressou na vida franciscana.




Como o seu grande sonho era pregar o Evangelho em terras pagãs, ele consegue uma autorização para ir até Marrocos com um companheiro. Mas ao chegar naquelas terras africanas, adoeceu de tal modo que teve de voltar após alguns meses para a sua terra natal. Na viagem de volta, uma tempestade desviou o seu navio para o sul da Itália (Sicília). Chegando ali, foi acolhido pelos frades da cidade de Messina, se recuperou de suas enfermidades e se dirigiu para a cidade de Assis, onde aconteceria um capítulo geral da Ordem Franciscana.




Era o ano de 1221, e Santo Antonio iria se encontrar pela primeira vez com São Francisco. Chegaram frades de muitos lugares para o capítulo geral, mas Santo Antonio não os conhecia e nem era conhecido praticamente por nenhum deles. No final do capítulo, não tendo recebido nenhuma tarefa específica, Santo Antonio foi convidado por um provincial para ir morar no norte da Itália. E assim, no convento de Monte Paolo ele viveu na simplicidade e no anonimato, aproveitando a ocasião para dedicar-se mais intensamente à oração e à penitência.





Em 1222, Santo Antonio foi convidado para um capítulo na cidade de Forli, durante o qual alguns frades seriam ordenados presbíteros pelo bispo daquela diocese. Estavam ali também alguns frades da Ordem de São Domingos, ilustres pregadores do Evangelho. Na hora da refeição, o bispo pediu aos dominicanos que dirigissem algumas palavras aos convidados, mas todos se recusaram gentilmente. Essa mesma atitude foi seguida pelos demais religiosos que se encontravam no recinto. Santo Antonio, o último a ser consultado, prontamente obedeceu com humildade. O sermão proferido, rico de referências bíblicas, foi tão ungido que comoveu o coração de todos os presentes. Estava descoberto um grande pregador! Quem diria que aquele frade tão simples e desconhecido, poucos anos depois, seria aclamado pelo papa Gregório IX como “Arca do Testamento”? A partir daquela data, Santo Antonio recebeu o encargo de pregar o Evangelho por toda a sua província.







Após a páscoa de 1223, São Francisco, já tendo conhecimento da sabedoria de Santo Antonio, pediu-lhe para que ensinasse a sagrada teologia aos seus frades na cidade de Bolonha.












  No ano seguinte, após um curto período de ensino, Santo Antonio foi enviado à França, onde permaneceu cerca de dois anos. Sua atividade principal foi a pregação do Evangelho para a conversão dos hereges. Em 1225, na cidade de Toulouse, ele retoma por um tempo o seu ofício de professor de Teologia.






 
Depois da morte de São Francisco, ocorrida em outubro de 1226, Santo Antonio volta para a Itália para participar de um capítulo de toda a Ordem franciscana. A partir de então, ele passa a ser o provincial da Romanha, região norte da Itália, na qual já tinha morado anteriormente e onde ficará até o final de sua vida. Apesar das novas funções, ele permanece incansavelmente pregando o Evangelho de Cristo às multidões.




 

Em 1227, ele entra pela primeira vez em Pádua, cidade tomada por uma guerra civil e dominada por vícios e heresias. Ele voltará diversas vezes a essa cidade para suas atividades missionárias, obtendo grande êxito entre aquela gente.





Mais adiante, em 1230, encontramos Santo Antonio em Roma diante do papa Gregório IX, tratando de assuntos referentes à interpretação da Regra de São Francisco, juntamente com outros frades da Ordem.




Nos últimos anos de sua vida ele escreveu seus famosos “Sermões” destinados aos pregadores e professores de Teologia. Ele escreveu “sermões dominicais” e “sermões para as festividades dos santos”, comentando os textos bíblicos apresentados pela liturgia com profunda sabedoria e piedade.








Em 1231, aos trinta e seis anos de idade, retirado num eremitério e abatido pela doença, ele percebe que a morte se aproxima e, por isso, pede para ser transportado imediatamente a Pádua. Tendo piorado bastante durante o trajeto, ele faleceu nas proximidades desta cidade, num lugar chamado Arcella, no dia 13 de junho. Após algumas disputas entre os arcelanos e paduanos, o seu corpo foi finalmente sepultado no convento franciscano de Pádua. Antes de completar um ano de seu falecimento ele já estava canonizado pelo papa Gregório IX que o conhecera tão bem.








Em 1263, trinta e um anos depois da canonização, São Boaventura, Ministro Geral da Ordem Franciscana, mandou transladar os restos mortais de Santo Antonio para a basílica construída em sua honra. Quando abriram o caixão, a língua do santo estava intacta.



Basílica de Santo Antonio em Pádua.


Basílica de Pádua





No dia 16 de janeiro de 1946, o papa Pio XII declarou Santo Antonio como Doutor da Santa Igreja com o título de “Doutor Evangélico”.









Carta a Santo Antonio
(escrita por São Francisco no final de 1223 ou início de 1224)





“Eu, Frei Francisco, desejo saúde a Frei Antonio, meu bispo. Apraz-me que ensines a sagrada teologia aos irmãos, contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito de oração e devoção, como está escrito na Regra.”








Em 1247 o Frei Tomás de Celano nos dá notícia desta carta escrita por São Francisco:


São Francisco “queria que os ministros da palavra de Deus fossem de tal modo dedicados aos estudos espirituais que não fossem impedidos por outros ofícios. (...) E afirmava: ‘O pregador deve haurir nas orações secretas aquilo que depois vai difundir em palavras sagradas; deve antes aquecer-se por dentro para não proferir palavras frias’. Dizia que este ofício devia ser respeitado e que aqueles que os exercem deviam ser venerados por todos. (...)





E considerava os doutores na sagrada teologia dignos de mais amplas honras. (...) Uma vez, ao escrever ao bem- aventurado Antonio, assim mandou que fosse colocado no princípio da carta: ‘A Frei Antonio, meu bispo’”(2Cel 163).









“O título de “bispo”, usado na Idade Média para indicar também os pregadores autorizados, certamente deve ser compreendido como participação do munus praedicandi dos bispos propriamente ditos” (nota do tradutor das Fontes Franciscanas, Ed. Vozes, 2004, pg. 107).



 Basílica de Pádua



Claustro da Basílica.



Altar que guarda os restos mortais de Santo Antonio.



Igreja sobre as ruínas da casa onde nasceu Santo Antonio.


Pia batismal onde foi batizado Santo Antonio.


              

 PAX ET BONUM!


Frei Salvio Romero,
Eremita capuchinho.

   


2 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo sobre santo Antonio. Me motivou a procurar ler algum dos seus sermões

    Márcio- Natal

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  2. Meu caríssimo confrade e meu querido e estimado formador do meu primeiro ano de formação enquanto fora postulante, que na época foi um mestre a indicar as vias de vida franciscana capuchinho, seguindo o pobre de Assis.
    Venho parabenizar por esse belo blog, da Escola Franciscana de Meditação, que realmente através da meditação possamos como a Santíssima Virgem Maria, olhar para a vida de Jesus e como ela guardar em nosso coração tudo o que Ele nos ensinou e nos ensina a cada momento de nossa vida, sempre ao depararmos com a Palavra feita carne, assumindo nossa humanidade, para que pudéssemos apreder Dele e ter a coragem de assumir nossa humanidade, isso só vamos conseguir entender se meditarmos sua Palavra e permitir que Ela transforme nosso coração, gerando frutos em nossa vida, exemplo claro é esse trabalho que o senhor está desenvolvendo no meio do povo de Deus sendo esse sinal do Reino, que é possível sim nos tempos de hoje meditar e comtemplar.
    Rogo sempre a Deus em minhas orações diárias pelo o senhor e por todos os quais estão seguindo esse caminho da meditação!
    Paz e bem! Fr. Nivaldo OFMCap.

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